segunda-feira, 25 de abril de 2011

NOSTALGIA


Quando a noite chegar
Nas lembranças vou me abrigar
Cerrar os olhos
Não ver o tempo passar
E neste passeio
Em cada canto, descobrir seu cheiro
Reviver a trajetória
Os rastros de felicidade
Que a nossa história eternizou

AUSÊNCIA

No fundo, bem no fundo, é verdade, somos todos iguais.
Perversos. Românticos. A dor é a mesma.
Uma ausência imensa, profunda.
Gargalhadas. Lágrimas.
Um espaço que jamais será preenchido.
De vez em quando, pulsa.
Um cheiro, uma música qualquer.
Adormece novamente.
Confortável, assim. 

ÂNCORA

É difícil entender o porquê de tantas amarras.
Está tudo ali, logo adiante, nos esperando.
Uma vida inteira mais leve e feliz.
Mas existe uma âncora que nos aprisiona.
De um peso enorme, quase sufocante.
Ao mesmo tempo em que queremos ir, não existe força suficiente para darmos os primeiros passos sozinhos.
Algo como aprender a andar. Insegurança. Fragilidade.
Medo de cair. Medo de não mais levantar. Como somos tolos e imaturos.
Podemos tanto e não cremos em nossa força.
Somos capazes de abraçar o mundo inteiro, se quisermos.
Mas nosso olhar se volta para a âncora. Pobre âncora.
Tão tosca e, ao mesmo tempo, fascinante.
De sua austeridade ecoa um som tão singelo. Encanta-nos.
Ainda não é hora. Não estamos prontos para seguir.
Inebriados de um sentimento que não sabemos nominar, recuamos e nos abrigamos no calor gélido do nosso amor.

Frio

Ah! Eu sei que não.
Você não é capaz de perceber.
Lá... bem longe. Vê?
Aquela gota que cai.
A vida se esvai.
Você não nota?
Tantas cores, tantos sóis.
Abra a cortina.
Por favor, eu também quero assistir.
Deixe-me percorrer este caminho.
Não me impeça de voar.
Sim, eu posso ir além.
Solte as amarras, não posso ficar.
Todos os dias eu ouço essa voz.
Mas outros sons me ferem.
Eu preciso seguir.
Vou escolher uma cor.
A que fizer vibrar meu coração.
Vou fechar os olhos e flutuar.
Você vem comigo?